Quem esteve na Plataforma de Dança conseguiu usufruir dos espectáculos, apreciar os espaços e, eventualmente, trocar contactos com programadores e agentes culturais. Os espectáculos sucederam-se a um ritmo alucinante mostrando vários estilos, diferentes tendências, indo ao encontro ou ao arrepio de sensibilidades diversas.
Escolhendo dois trabalhos, assumidamente da minha preferência e sem qualquer desprimor para os outros, destaco o da Clara Andermatt, pela força do tema e o de Vitalina Sousa pela estética da contenção. Clara Andermatt criou Natural: um espectáculo protagonizado por 16 pessoas mais de 60 anos. Apresentado no Centro Cultural de Lagos, foi um espectáculo em que os dançarinos nos mostraram com naturalidade as dificuldades de lidar com um corpo que às vezes não responde às exigências tanto quanto se deseja. Esse corpo, no entanto, não está parado e continua a expressar o que sente com a sua harmonia. Mesmo deformado, mesmo com alguma dificuldade na locomoção. Clara Andermatt, no seu exercício com o grupo Saddler’s Wells, mostrou-nos como o corpo pode ser belo e provocar profundos momentos de emoção estética em todas as idades. Os actuantes sorriam, falavam dos seus bloqueios, dos seus anseios dançando com um encanto muito próprio. O final, forte, mostrou o diapasão a parar, como se vislumbrasse o grande final… natural, repousando enfim. Talvez tenha sido uma das grandes surpresas desta plataforma, pois sendo um espectáculo aparentemente simples, encerra toda uma complexidade centrada na problemática do envelhecimento. Nesta visão da coreógrafa o envelhecimento surge naturalmente e é encarado com serenidade, dando ao espectador uma sensação de bem-estar.
O espectáculo de Vitalina Sousa, apresentado no Teatro Lethes, trouxe uma dimensão da temporalidade muito própria. Foi um exercício de contenção e depuramento do excessivo. O Belo é apenas o começo do Horrível é um título retirado de um poema de Rilke que nos fala sobre os opostos e sobre a impossibilidade de conviver com o sublime. Numa época em que o extravasamento está na moda Vitalina Sousa trouxe-nos a beleza de um trabalho de equilíbrio e harmonia. A luz velada desocultava o brilho do corpo e a expressão do olhar da bailarina comunicava de forma penetrante e incisiva. A precisão do movimento, a luz que desenhava o corpo da bailarina como se de uma escultura grega se tratasse levou-nos a pensar que estávamos, de facto, perante o sublime.
Escolhendo dois trabalhos, assumidamente da minha preferência e sem qualquer desprimor para os outros, destaco o da Clara Andermatt, pela força do tema e o de Vitalina Sousa pela estética da contenção. Clara Andermatt criou Natural: um espectáculo protagonizado por 16 pessoas mais de 60 anos. Apresentado no Centro Cultural de Lagos, foi um espectáculo em que os dançarinos nos mostraram com naturalidade as dificuldades de lidar com um corpo que às vezes não responde às exigências tanto quanto se deseja. Esse corpo, no entanto, não está parado e continua a expressar o que sente com a sua harmonia. Mesmo deformado, mesmo com alguma dificuldade na locomoção. Clara Andermatt, no seu exercício com o grupo Saddler’s Wells, mostrou-nos como o corpo pode ser belo e provocar profundos momentos de emoção estética em todas as idades. Os actuantes sorriam, falavam dos seus bloqueios, dos seus anseios dançando com um encanto muito próprio. O final, forte, mostrou o diapasão a parar, como se vislumbrasse o grande final… natural, repousando enfim. Talvez tenha sido uma das grandes surpresas desta plataforma, pois sendo um espectáculo aparentemente simples, encerra toda uma complexidade centrada na problemática do envelhecimento. Nesta visão da coreógrafa o envelhecimento surge naturalmente e é encarado com serenidade, dando ao espectador uma sensação de bem-estar.
O espectáculo de Vitalina Sousa, apresentado no Teatro Lethes, trouxe uma dimensão da temporalidade muito própria. Foi um exercício de contenção e depuramento do excessivo. O Belo é apenas o começo do Horrível é um título retirado de um poema de Rilke que nos fala sobre os opostos e sobre a impossibilidade de conviver com o sublime. Numa época em que o extravasamento está na moda Vitalina Sousa trouxe-nos a beleza de um trabalho de equilíbrio e harmonia. A luz velada desocultava o brilho do corpo e a expressão do olhar da bailarina comunicava de forma penetrante e incisiva. A precisão do movimento, a luz que desenhava o corpo da bailarina como se de uma escultura grega se tratasse levou-nos a pensar que estávamos, de facto, perante o sublime.
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