Há quem diga que a necessidade faz o engenho. A este ditado pode-se acrescentar também a raiva, o sentimento de justiça, a consciência do dever de cidadania. Tudo isso faz o engenho que se aguça quando os meios escasseiam, sendo desperdiçados muitas vezes em projectos megalómanos e pouco abrangentes. Pelo que nos tem sido dado apreciar ao longo do 1º Festival das Companhias de teatro descentralizadas, o dever de cidadania pauta-se por uma exigência de qualidade na maior parte dos casos conseguida e transmitida.
Uma mão-cheia de teatro, outra de puro prazer. Talvez assim se possa qualificar o que se tem sentido ao longo desta semana no Teatro Lethes, em Faro. Melhor ou pior, a oferta tem sido muita. O público é que, como quase sempre, anda um bocadinho distraído, alegando, mesmo com os flyers e os cartazes à frentes dos olhos, que não há divulgação e que no Algarve não há oferta cultural. Chavões que gostam de manter apesar da realidade há muito se ter transformado pela vontade de alguns decisores e pela imposição da dinâmica social. Mas também há os que continuam atentos e não se deixam arrastar pelo sentimento miserabilista conveniente, acompanhando a programação teatral. Se contarmos bem, entre 15 e 29 de Outubro, o Algarve pode contar com 13 espectáculos diferentes de teatro e dança. Dois organizados por Faro Capital da Cultura, todos os outros pelas Câmaras de Faro e Portimão, o que só por si mostra a preocupação das autarquias em oferecer uma programação de qualidade aos seus munícipes que não se cinge ao entretenimento, como é o caso dos Outonos do Teatro, há oito anos a trabalhar pela formação de públicos no Algarve.
Concentrando-nos nos grupos do 1º Festival das Companhias de Teatro Descentralizadas podemos dizer que a marca distintiva que os une tem sido uma preocupação na apresentação de textos de autores distintos ao nível da dramaturgia contemporânea. António Rodriguez Almodôvar, José Sanchez Sinisterra, Paul Claudel, Victor Haïm, Haneeke Paauwe são nomes que podem não ser tão conhecidos como os clássicos mas que reflectem sobre questões que inquietam na contemporaneidade. Os verdadeiros conflitos que a Bela Adormecida teve de ultrapassar, os problemas advenientes dos paradoxos do espaço/tempo, a visão de Judas sobre o apostolado e a sua própria morte, a tentativa de recuperar um amor que aparentemente já morreu. Para além destes dramaturgos mais actuais, o festival não esqueceu Gil Vicente, de uma actualidade indiscutível, como o mostra a abordagem feita pela Escola da Noite.
Uma mão-cheia de teatro, outra de puro prazer. Talvez assim se possa qualificar o que se tem sentido ao longo desta semana no Teatro Lethes, em Faro. Melhor ou pior, a oferta tem sido muita. O público é que, como quase sempre, anda um bocadinho distraído, alegando, mesmo com os flyers e os cartazes à frentes dos olhos, que não há divulgação e que no Algarve não há oferta cultural. Chavões que gostam de manter apesar da realidade há muito se ter transformado pela vontade de alguns decisores e pela imposição da dinâmica social. Mas também há os que continuam atentos e não se deixam arrastar pelo sentimento miserabilista conveniente, acompanhando a programação teatral. Se contarmos bem, entre 15 e 29 de Outubro, o Algarve pode contar com 13 espectáculos diferentes de teatro e dança. Dois organizados por Faro Capital da Cultura, todos os outros pelas Câmaras de Faro e Portimão, o que só por si mostra a preocupação das autarquias em oferecer uma programação de qualidade aos seus munícipes que não se cinge ao entretenimento, como é o caso dos Outonos do Teatro, há oito anos a trabalhar pela formação de públicos no Algarve.
Concentrando-nos nos grupos do 1º Festival das Companhias de Teatro Descentralizadas podemos dizer que a marca distintiva que os une tem sido uma preocupação na apresentação de textos de autores distintos ao nível da dramaturgia contemporânea. António Rodriguez Almodôvar, José Sanchez Sinisterra, Paul Claudel, Victor Haïm, Haneeke Paauwe são nomes que podem não ser tão conhecidos como os clássicos mas que reflectem sobre questões que inquietam na contemporaneidade. Os verdadeiros conflitos que a Bela Adormecida teve de ultrapassar, os problemas advenientes dos paradoxos do espaço/tempo, a visão de Judas sobre o apostolado e a sua própria morte, a tentativa de recuperar um amor que aparentemente já morreu. Para além destes dramaturgos mais actuais, o festival não esqueceu Gil Vicente, de uma actualidade indiscutível, como o mostra a abordagem feita pela Escola da Noite.
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