Depois do volume e do plano, este espectáculo que completa a trilogia do espaço explora a linha. Uma linha, ou utilizando uma linguagem matematicamente correcta, uma recta, insere-se num intervalo que inclui todos os pontos que se estendem de menos infinito a mais infinito. O que a Companhia 111 pretendeu com este espectáculo foi explorar os limites desse símbolo do humano: a linha contém em si algo de humano, uma vez que a vemos como algo de poderoso e frágil ao mesmo tempo. E de facto, o espectáculo inicia-se com um extraordinário bailado de varas no espaço, manipuladas como se fossem marionetas, com uma grande precisão geométrica que nos recorda um caleidoscópio de formas que nos oferecem ao olhar mudanças dentro de um esquema geométrico muito preciso, seguindo aquilo que Schlemmer chamou, a propósito do jogo caleidoscópico, “a festa dos olhos”.
A ideia original de Arélien Bory tomou corpo através da encenação de Phil Soltanoff. A partir da apresentação destas linhas, semi-rectas, surge a figura humana igualmente fragmentada. Deslizando ao longo de linhas no chão, surgem mão, braços, cabeças, corpos, à procura da sua completude. E neste momento começamos a ver uma técnica corpora extremamente trabalhada, posta ao serviço de um conceito. Neste caso, o conceito de linha, dentro do espaço.
As linhas são exploradas ao máximo e servem de pretexto para o jogo teatral, para a dança, para o cinema, para os jogos de computador. O ser humano torna-se ele próprio linha assumido tanto a verticalidade, como a horizontalidade apoiando-se no mastro vertical, construindo outras figuras geométricas. As linhas permitem que a figura humana dance com elas, que contracenem com elas, que brinquem com elas. As linhas ameaçam, encurralam, mas ao mesmo tempo libertam. Não só os mastros, gigantes ou pequenos que se apresentaram no palco, mas a própria verticalidade sustentada pela coluna vertebral. Não é por acaso que uma pessoa de princípios é referida como uma pessoa com coluna vertebral, que não se verga nem quebra a linha. O próprio pensamento é amiúde descrito como uma linha, perseguindo um fio condutor, talvez porque a tridimensionalidade que nos enforma condicione a nossa maneira de olhar para o mundo. Neste espectáculo Aurélien Bory redimensiona o nosso olhar para um olhar inicial, puro e matemático, dando corpo ao conceito de cronologia, de velocidade, regressando ao conceito pitagórico da realidade ser efectivamente expressa por números e estruturas geométricas, não só a um nível metafórico, mas na sua essência.
Afastando-se do universo matemático de Flatland de Abbot, no qual a linha representava o elemento feminino desprezado pela comunidade machista dos sólidos geométricos Plus ou moins l’infinit redirecciona-nos o olhar para a beleza de um mundo orquestrado a partir de duas linguagens universais: a matemática e a arte. Mais uma vez redescobrimos o conceito de Novo Circo. Um conceito que rompe com o s números que se sucedem e nos quais há uma procura da técnica apurada que nos surpreende para um novo conceito que propões aos artistas servirem-se de diversas linguagem e técnicas, submetando-as a um conceito. Neste caso foi o conceito de espaço, com Aurélia Thierrèe, no seu Oratório, foi o conceito de transgressão das leis da física e a exploração do absurdo. Num país como a França, que desde a década de oitenta apoia o Novo Circo, tendo inclusivamente uma escola superior que forma jovens nesta visão global do espectáculo, é previsível que surjam espectáculos desta natureza, que nos conduzem o olhar para o belo através de artistas que surpreendem pelo seu desafio constante às leis da gravidade. Como Portugal tem tido um atraso de cerca de 30 anos relativamente ao resto da Europa talvez agora se possa vislumbrar a esperança de um investimento sério do poder político nesta área.
Este espectáculo contou com a participação de Olivier Alenda, Aurélien Bory, Pierre Cartonnet, Julien Cassier, Aurélius Lorenzi, e Sodadeth San em cima do palco. Atrás do palco houve uma imensa equipa de técnicos que permitiram o desenvolvimento do espectáculo, como Tristan Baudoin, Stéphane Ley, Frédéric Stoll e Arno Veyrat. A música foi concebida por três criadores: Olivier Alenda, Julien Cassier e o própiro encenador Phil Soltanoff. A par da luz, desenhada por Arno Veyrat, contribuíram para a construção de ambiências muito especiais e fazer deste espectáculo um delírio para os sentidos.
A ideia original de Arélien Bory tomou corpo através da encenação de Phil Soltanoff. A partir da apresentação destas linhas, semi-rectas, surge a figura humana igualmente fragmentada. Deslizando ao longo de linhas no chão, surgem mão, braços, cabeças, corpos, à procura da sua completude. E neste momento começamos a ver uma técnica corpora extremamente trabalhada, posta ao serviço de um conceito. Neste caso, o conceito de linha, dentro do espaço.
As linhas são exploradas ao máximo e servem de pretexto para o jogo teatral, para a dança, para o cinema, para os jogos de computador. O ser humano torna-se ele próprio linha assumido tanto a verticalidade, como a horizontalidade apoiando-se no mastro vertical, construindo outras figuras geométricas. As linhas permitem que a figura humana dance com elas, que contracenem com elas, que brinquem com elas. As linhas ameaçam, encurralam, mas ao mesmo tempo libertam. Não só os mastros, gigantes ou pequenos que se apresentaram no palco, mas a própria verticalidade sustentada pela coluna vertebral. Não é por acaso que uma pessoa de princípios é referida como uma pessoa com coluna vertebral, que não se verga nem quebra a linha. O próprio pensamento é amiúde descrito como uma linha, perseguindo um fio condutor, talvez porque a tridimensionalidade que nos enforma condicione a nossa maneira de olhar para o mundo. Neste espectáculo Aurélien Bory redimensiona o nosso olhar para um olhar inicial, puro e matemático, dando corpo ao conceito de cronologia, de velocidade, regressando ao conceito pitagórico da realidade ser efectivamente expressa por números e estruturas geométricas, não só a um nível metafórico, mas na sua essência.
Afastando-se do universo matemático de Flatland de Abbot, no qual a linha representava o elemento feminino desprezado pela comunidade machista dos sólidos geométricos Plus ou moins l’infinit redirecciona-nos o olhar para a beleza de um mundo orquestrado a partir de duas linguagens universais: a matemática e a arte. Mais uma vez redescobrimos o conceito de Novo Circo. Um conceito que rompe com o s números que se sucedem e nos quais há uma procura da técnica apurada que nos surpreende para um novo conceito que propões aos artistas servirem-se de diversas linguagem e técnicas, submetando-as a um conceito. Neste caso foi o conceito de espaço, com Aurélia Thierrèe, no seu Oratório, foi o conceito de transgressão das leis da física e a exploração do absurdo. Num país como a França, que desde a década de oitenta apoia o Novo Circo, tendo inclusivamente uma escola superior que forma jovens nesta visão global do espectáculo, é previsível que surjam espectáculos desta natureza, que nos conduzem o olhar para o belo através de artistas que surpreendem pelo seu desafio constante às leis da gravidade. Como Portugal tem tido um atraso de cerca de 30 anos relativamente ao resto da Europa talvez agora se possa vislumbrar a esperança de um investimento sério do poder político nesta área.
Este espectáculo contou com a participação de Olivier Alenda, Aurélien Bory, Pierre Cartonnet, Julien Cassier, Aurélius Lorenzi, e Sodadeth San em cima do palco. Atrás do palco houve uma imensa equipa de técnicos que permitiram o desenvolvimento do espectáculo, como Tristan Baudoin, Stéphane Ley, Frédéric Stoll e Arno Veyrat. A música foi concebida por três criadores: Olivier Alenda, Julien Cassier e o própiro encenador Phil Soltanoff. A par da luz, desenhada por Arno Veyrat, contribuíram para a construção de ambiências muito especiais e fazer deste espectáculo um delírio para os sentidos.
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