Integrada do X Festival de Dança Contemporânea, a prestação de Maria Ramos foi uma das três propostas portuguesas que integraram esta mostra a-Sul. Um trabalho que mostrou o corpo esculpido por dentro.
Maria Ramos apresentou no Centro de Artes Performativas do Algarve o trabalho 7 p.m. / Rumour (loose in the air). Um trabalho inovador, através do qual Maria Ramos evoca a história verídica de uma mulher, Mary Webster, que em 1685 escapou à morte por enforcamento, apesar de ter permanecido uma noite inteira pendurada numa árvore. A força simbólica da árvore como contraste, neste caso de morte e de vida, permite que a sua ideia invada de uma forma plena a cenografia deste trabalho. Os pássaros que compõem a cenografia sugerem uma protecção e uma ligação anímica entre a mulher e os seres vivos. Essa ligação com o mundo animal valeu-lhe a condenação à morte por enforcamento. A obra das “bruxas de Salem” foi inspirada na dura realidade da caça às bruxas que se intensificou de uma forma radical nos Estados Unidos da América e que, aqui em Portugal ainda teve resquícios que duraram até ao século XX, como mostra o caso que inspirou O Crime da Aldeia Velha, de Bernardo Santareno. Mary era uma mulher solitária independente e bonita que preferia a companhia dos animais e da natureza, à dos seres humanos. Preferências que durante muitos anos as mulheres não puderam ter o privilégio de escolher. A escolha implicava condenação e Mary conta, na primeira pessoa, através do poema de Margaret Attwood: “Antes, eu não era uma bruxa. Agora, eu sou. Tendo sido enforcada por algo que eu nunca disse, agora posso dizer tudo o que eu quero dizer.”
A descrição, hora a hora, da agonia de Mary, feita no poema de Margaret Attwood é tranportada para o corpo de Maria Ramos, que o vai esculpindo, através de uma coreografia que, não sendo descritiva, sugere o turbilhão de sentimentos envolvidos no espírito de Mary e vividos na noite do seu enforcamento.
Esta ideia foi dançada ao som de Murder Ballads", discografia de Nick Cave and The Bad Seeds. Adequadíssimo, assim como adequada foi esta homenagem a uma mulher que conseguiu sobreviver a uma das mais violentas perseguições da história. A expressão e a presença em palco de Maria Ramos foram ao encontro do tema tenebroso em questão. O produto final foi uma obra madura , envolvente e emocionante. A não perder em qualquer ponto do país.
Maria Ramos apresentou no Centro de Artes Performativas do Algarve o trabalho 7 p.m. / Rumour (loose in the air). Um trabalho inovador, através do qual Maria Ramos evoca a história verídica de uma mulher, Mary Webster, que em 1685 escapou à morte por enforcamento, apesar de ter permanecido uma noite inteira pendurada numa árvore. A força simbólica da árvore como contraste, neste caso de morte e de vida, permite que a sua ideia invada de uma forma plena a cenografia deste trabalho. Os pássaros que compõem a cenografia sugerem uma protecção e uma ligação anímica entre a mulher e os seres vivos. Essa ligação com o mundo animal valeu-lhe a condenação à morte por enforcamento. A obra das “bruxas de Salem” foi inspirada na dura realidade da caça às bruxas que se intensificou de uma forma radical nos Estados Unidos da América e que, aqui em Portugal ainda teve resquícios que duraram até ao século XX, como mostra o caso que inspirou O Crime da Aldeia Velha, de Bernardo Santareno. Mary era uma mulher solitária independente e bonita que preferia a companhia dos animais e da natureza, à dos seres humanos. Preferências que durante muitos anos as mulheres não puderam ter o privilégio de escolher. A escolha implicava condenação e Mary conta, na primeira pessoa, através do poema de Margaret Attwood: “Antes, eu não era uma bruxa. Agora, eu sou. Tendo sido enforcada por algo que eu nunca disse, agora posso dizer tudo o que eu quero dizer.”
A descrição, hora a hora, da agonia de Mary, feita no poema de Margaret Attwood é tranportada para o corpo de Maria Ramos, que o vai esculpindo, através de uma coreografia que, não sendo descritiva, sugere o turbilhão de sentimentos envolvidos no espírito de Mary e vividos na noite do seu enforcamento.
Esta ideia foi dançada ao som de Murder Ballads", discografia de Nick Cave and The Bad Seeds. Adequadíssimo, assim como adequada foi esta homenagem a uma mulher que conseguiu sobreviver a uma das mais violentas perseguições da história. A expressão e a presença em palco de Maria Ramos foram ao encontro do tema tenebroso em questão. O produto final foi uma obra madura , envolvente e emocionante. A não perder em qualquer ponto do país.
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