Na casa do Povo da Conceição de Tavira, integrado no festival de Teatro que ali decorre até dia 10 de Junho, o grupo Trupcascd, do Centro de Acção Social Cultura e Desporto dos Trabalhadores da Saúde e Segurança Social do Distrito de Faro levaram a cena o espectáculo Nobre Confusão, a partir do texto de Marivaux, O Preconceito Vencido, com encenação de Elisabete Martins. Este grupo deu ao texto de Marivaux um tratamento diferente, arrojado e contemporâneo. O momento inicial, com Lisette e Lépine a correrem freneticamente ao longo da sala, por entre os espectadores, deu o mote para o resto do espectáculo. O cenário era composto por um banco de madeira de dois lugares que se ia desmultiplicando em funções diferentes ao longo do espectáculo. Os figurinos contemporâneos enquadraram o texto no contexto do espectador. A dramaturgia enquadra o espectador na trama de Marivaux, de forma a fazer sentido nos tempos que correm. A eterna luta entre os nobres sem dinheiro e os burgueses com fortuna é apresentada numa história simples, de amores que nem sequer são muito desencontrados. Vale a este espectáculo o suporte musical, que de vez em quando desconstroi o ar melancólico dos apaixonados, a boa disposição dos actores e as soluções cénicas que vão marcando o cunho pessoal de Elisabete Martins. Os actores, bem dispostos, vão caminhando e, a continuarem nesta direcção, irão ganhando experiência dentro de uma linha estético-dramatúrgica que faz sentido hoje em dia assumir. De realçar o pormenor da piscina e da saudação, distante e presidencial, do político. O símbolo de uma nobreza vencida que continua a marcar presença dissimulamente. Interpretado por Clara Calvinho, Pedro Morais, António Marques, Sofia Valentim e João Caldeira, este espectáculo obrigou o público a soltar umas boas gargalhadas de prazer.
É importante que os clássicos vejam a luz de cena, com diferentes tonalidades e diferentes intensidades. Caminhando cada vez mais no sentido da adequação à nossa realidade e contribuindo para a educação cívica.
É importante que os clássicos vejam a luz de cena, com diferentes tonalidades e diferentes intensidades. Caminhando cada vez mais no sentido da adequação à nossa realidade e contribuindo para a educação cívica.
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