Thursday, August 16, 2007

Perdida no Apalaches


Metáfora de um mundo em mudança, Perdida nos Apalaches é um brilhante texto de José Sanches Sinisterra que integra na mais rigorosa física teórica pós einsteineana o recorrente mundo das paixões humanas, naquilo que têm de melhor e de pior. O que têm os Apalaches em comum com um hotel de Praga? E o que é que estes dois espaços têm em comum com uma cidade pedida no interior? Nada a não ser a força das paixões que surgem. Nada, a não ser os paradoxos do espaço/tempo. Nada, a não ser os infinitos universos paralelos que se podem criar a partir do espaço e tempo psicológicos. Um texto entusiasmante encenado por Gil Salgueiro Nave e defendido de forma convincente pelos actores António Santos, Eva Fernandes e Miguel Telmo. Quem nunca se deparou com um segundo Vice-secretário de um qualquer clube de divulgação cultural que critica a actual direcção, tornando pública a secreta ambição da presidência? Quem nunca se cruzou com a mais perfeita encarnação do academismo balofo, sustentado por uma postura rígida de figurino formal, incapaz de descortinar a vida real para lá do universo livresco? Quem nunca ouviu falar de duas pessoas que se juntam forçando-se ao amor, vivendo infelizes para o resto da vida? Com um cenário que poderia ter tirado mais partido das intromissões dos espaços nos espaços este espectáculo, mais que uma lição de física teórica, foi um momento de bom teatro.

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