Colhendo o espectador de surpresa, o espectáculo O Julgamento, de autoria e encenação do colectivo de actores da companhia, vai irrompendo aos poucos, deixando ao princípio o transeunte menos atento a pensar o que é que aqueles senhores estão para ali a discutir. À medida que a discussão se vai adensando, é o próprio espectador que se vai chegando, e por vezes até correndo de um lado para o outro para não perder pitada daquilo que, afinal, acabou por perceber que era um espectáculo.
Bonita a visão do cientista enlouquecido rodeado de cérebros e de provetas prontas a manipular geneticamente o que se quiser. Uma reflexão séria sobre os meninos soldados com a emoção que Mário Spencer sabe bem transmitir. Como num clic, as atenções voltam-se para o herói da noite: D. Quixote e o seu companheiro Sancho Pança. Mais uma vez Jorge Soares nos surpreendeu pela sua versatilidade, desta vez acompanhado por uma agradável surpresa no elenco da ACTA: João Rocha, o Sancho Pança, alia uma boa presença em cena, neste caso no espaço da rua, com um óptimo trabalho de corpo, como se pode verificar na sua prestação em que interpreta a figura da morte, e uma voz adequada a este tipo de trabalho. A utilização da moto serra evoca-nos os mestres catalães do teatro de rua, tendo a ACTA tido o cuidado de retirar a serra propriamente dita para não provocar ataques de coração nos espectadores mais sensíveis. O final apoteótico ao ritmo dos batuques africanos convida o público, ainda tímido, a juntar-se à festa comemorando a vida, e a oportunidade de a podermos viver em paz. Um trabalho limpo que cumpre bem os seus objectivos de espectáculo de rua, levando o público a interagir de uma forma bem disposta e descontraída, seguindo os actores espontaneamente.
É o teatro descendo do seu palco à italiana, misturando-se com o público, conseguindo entrar de uma forma mais directa nos seus problemas. Partindo do senso comum, dos julgamentos precipitados e acabando com a convicção que todos somos responsáveis e que não há culpados nem inocentes nesta roda da vida em que a morte é soberana. Uma agradável surpresa para uma noite de Verão bem passada.
Bonita a visão do cientista enlouquecido rodeado de cérebros e de provetas prontas a manipular geneticamente o que se quiser. Uma reflexão séria sobre os meninos soldados com a emoção que Mário Spencer sabe bem transmitir. Como num clic, as atenções voltam-se para o herói da noite: D. Quixote e o seu companheiro Sancho Pança. Mais uma vez Jorge Soares nos surpreendeu pela sua versatilidade, desta vez acompanhado por uma agradável surpresa no elenco da ACTA: João Rocha, o Sancho Pança, alia uma boa presença em cena, neste caso no espaço da rua, com um óptimo trabalho de corpo, como se pode verificar na sua prestação em que interpreta a figura da morte, e uma voz adequada a este tipo de trabalho. A utilização da moto serra evoca-nos os mestres catalães do teatro de rua, tendo a ACTA tido o cuidado de retirar a serra propriamente dita para não provocar ataques de coração nos espectadores mais sensíveis. O final apoteótico ao ritmo dos batuques africanos convida o público, ainda tímido, a juntar-se à festa comemorando a vida, e a oportunidade de a podermos viver em paz. Um trabalho limpo que cumpre bem os seus objectivos de espectáculo de rua, levando o público a interagir de uma forma bem disposta e descontraída, seguindo os actores espontaneamente.
É o teatro descendo do seu palco à italiana, misturando-se com o público, conseguindo entrar de uma forma mais directa nos seus problemas. Partindo do senso comum, dos julgamentos precipitados e acabando com a convicção que todos somos responsáveis e que não há culpados nem inocentes nesta roda da vida em que a morte é soberana. Uma agradável surpresa para uma noite de Verão bem passada.
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