"Para onde vão as pessoas que, deliberadamente, se despedem das suas famílias para recomeçarem as suas vidas em sítios distantes?". A ideia de responder à questão usando o teatro surgiu depois de Miguel Falabella ter lido um relatório da Cruz Vermelha que dizia que havia mais pessoas a desaparecerem do que a morrerem em catástrofes naturais. A partir desta conclusão, Joaquim Monchique veste a pele do Professor Adamastor, um esotérico sensível que vai tentar saber quem são e onde param os desaparecidos. Monchique divide-se ainda noutras 15 personagens que vão ganhando vida própria.
O espectáculo, encenado por António Pires, começa com Joaquim Monchique a brincar com a interacção que pede ao público. Um cenário no qual se destaca uma estante com vários frascos contendo imagens de crianças é um tanto ou quanto suspeito. Mas Joaquim Monchique entra directamente na pela do exotérico professor Adamastor e convida o público a concentrar-se para descobrir quem precisa de ser encontrado. O jogo de luzes começa e o Professor Adamastor entra em contacto, através das ondas cósmicas, com uma mulher que procura o marido desaparecido. O seu dom de encontrar que anda desaparecido faz com que o Alfredo, o tal marido desaparecido, fique em sintonia cósmica. Neste meio de comunicação que supera largamente a Internet, Alfredo revela à sua mulher que se foi embora por ter adoptado outra opção sexual. A revelação leva a que a mulher, encarnando o corpo do professor Adamastor, pegue no sapato do marido, o elo de contacto, e o arremesse para longe. Esse facto dá origem a uma autêntica esquizofrenia cósmica, permitindo a entrada na “linha” de qualquer pessoa desaparecida. O que começou por ser um dom de encontrar pessoas transforma-se numa grande trapalhada em que tudo se confunde e mistura.
Adaptada de uma peça de teatro brasileira e com o título "Louro alto solteiro procura", da autoria de Miguel Falabella e Maria Carmen Barbosa, o texto foi, depois, adaptado à realidade portuguesa, tendo ficado no Brasil em cena durante três anos e atingido o recorde de um milhão de espectadores.
Com um elenco de 16 personagens, todas elas são apresentadas/representadas, num delicioso solilóquio, por Joaquim Monchique.
Nesta adaptação para a realidade portuguesa, há um colocar de vários dedos em feridas abertas do nosso quotidiano. A idosa amarga e lúcida que se vê perdida em Mem Martins, a oportunista que se evadiu para um paraíso fiscal, a simples rapariga criada numa terra católica do Norte e que se vê a braços com a confissão da homossexualidade do marido, a mulher que foi raptada por um africano e que está prestes a ser assassinada, e até a encenação do lapso do texto por Joaquim Monchique para proporcionar o pedido de socorro à tal vítima em pânico dentro da mala do carro. As idiossincrasias estão lá e o actor assume as personagens recorrendo aos objectos imaginários de cada uma e à maneira própria de cada uma ver a vida.
Efectuando um espantoso esforço de interpretação parte do pai Adamastor e efectua um périplo que vai de Lisboa, ao Porto, passando pelo Funchal e indo até à longínqua Bali.Deste modo são apresentadas, de forma original, paranormal, personagens como o Alfredo, o Edu, a Ilda, a D.Cassilda, a Carminda, a D.Odete, a Maria Clara, entre outras.
O jogo de luzes está adequado a este clima de esquizofrenia colectiva. No fim os ânimos acalmam, os desaparecidos voltam à sua terra natal e o discurso final recorda-nos, finalmente, que estamos perante um autor do nosso país irmão.No global este trabalho foi uma revelação de Joaquim Monchique, que assumiu aqui, para quem nunca o tinha visto em palco, a sua autonomia enquanto actor, interpretando uma comédia que para além de fazer rir, nos faz também reflectir sobre a capacidade de começar de novo e as mágoas da separação.
O espectáculo, encenado por António Pires, começa com Joaquim Monchique a brincar com a interacção que pede ao público. Um cenário no qual se destaca uma estante com vários frascos contendo imagens de crianças é um tanto ou quanto suspeito. Mas Joaquim Monchique entra directamente na pela do exotérico professor Adamastor e convida o público a concentrar-se para descobrir quem precisa de ser encontrado. O jogo de luzes começa e o Professor Adamastor entra em contacto, através das ondas cósmicas, com uma mulher que procura o marido desaparecido. O seu dom de encontrar que anda desaparecido faz com que o Alfredo, o tal marido desaparecido, fique em sintonia cósmica. Neste meio de comunicação que supera largamente a Internet, Alfredo revela à sua mulher que se foi embora por ter adoptado outra opção sexual. A revelação leva a que a mulher, encarnando o corpo do professor Adamastor, pegue no sapato do marido, o elo de contacto, e o arremesse para longe. Esse facto dá origem a uma autêntica esquizofrenia cósmica, permitindo a entrada na “linha” de qualquer pessoa desaparecida. O que começou por ser um dom de encontrar pessoas transforma-se numa grande trapalhada em que tudo se confunde e mistura.
Adaptada de uma peça de teatro brasileira e com o título "Louro alto solteiro procura", da autoria de Miguel Falabella e Maria Carmen Barbosa, o texto foi, depois, adaptado à realidade portuguesa, tendo ficado no Brasil em cena durante três anos e atingido o recorde de um milhão de espectadores.
Com um elenco de 16 personagens, todas elas são apresentadas/representadas, num delicioso solilóquio, por Joaquim Monchique.
Nesta adaptação para a realidade portuguesa, há um colocar de vários dedos em feridas abertas do nosso quotidiano. A idosa amarga e lúcida que se vê perdida em Mem Martins, a oportunista que se evadiu para um paraíso fiscal, a simples rapariga criada numa terra católica do Norte e que se vê a braços com a confissão da homossexualidade do marido, a mulher que foi raptada por um africano e que está prestes a ser assassinada, e até a encenação do lapso do texto por Joaquim Monchique para proporcionar o pedido de socorro à tal vítima em pânico dentro da mala do carro. As idiossincrasias estão lá e o actor assume as personagens recorrendo aos objectos imaginários de cada uma e à maneira própria de cada uma ver a vida.
Efectuando um espantoso esforço de interpretação parte do pai Adamastor e efectua um périplo que vai de Lisboa, ao Porto, passando pelo Funchal e indo até à longínqua Bali.Deste modo são apresentadas, de forma original, paranormal, personagens como o Alfredo, o Edu, a Ilda, a D.Cassilda, a Carminda, a D.Odete, a Maria Clara, entre outras.
O jogo de luzes está adequado a este clima de esquizofrenia colectiva. No fim os ânimos acalmam, os desaparecidos voltam à sua terra natal e o discurso final recorda-nos, finalmente, que estamos perante um autor do nosso país irmão.No global este trabalho foi uma revelação de Joaquim Monchique, que assumiu aqui, para quem nunca o tinha visto em palco, a sua autonomia enquanto actor, interpretando uma comédia que para além de fazer rir, nos faz também reflectir sobre a capacidade de começar de novo e as mágoas da separação.
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