Uma coreografia assente em sons de percussão é sempre um trabalho perturbador que desencadeia emoções profundas. O que aconteceu no teatro Municipal de Faro nos passados dias 12 e 13 foi uma confirmação desse bater à porta da nossa emoção. Henri Oguike começou o seu espectáculo com Second Signal, uma coreografia acompanhada ao vivo pelos Taiko Meantime: executantes de tambores tradicionais japoneses. De facto a primeira coreografia, de apenas quinze minutos de duração, foi de uma intensidade perturbadora, dada a técnica dos bailarinos e os ritmos dos instrumentos japoneses. Quinze minutos foi o tempo adequado para apreciar a intensidade daquele encontro entre tambores e corpos. Uma fusão muito bem conseguida, plena de energia e pulsões criadoras. O momento em que os Taiko Meantime actuaram a solo foi especialmente arrebatador, mostrando uma sincronia perfeita a acompanhar ritmos violentos e fortes. Estes sons, assentes numa execução sincrónica e algo violenta dos tambores, evoca-nos a memória do espectáculo “Adufe”, criado por José Salgueiro, em que adufes gigantes, suspensos por cordas, eram tocados quase marcialmente por cinco executantes, tendo recuperado a música tradicional para uma dimensão contemporânea. O espectáculo de Henri Oguike juntou o corpo ao pulsar dos tambores, permitindo um fluir dos sons também através dos corpos. Aqui se começou a vislumbrar a ligação de Ogike à expressão dramática, quando fez soltar os sons a partir dos seus bailarinos
A segunda coreografia, White Space, assenta em excertos de obras para cravo de Domenico Scarlatti. A cenografia é composta por um quadro evocativo de Mondrian, que se distende ou comprime consoante os andamentos. Formando uma terceira dimensão, os bailarinos evoluem numa coreografia equilibrada e divertida, lembrando mais uma vez que também o cravo pode ser dançado através de uma linguagem muito contemporânea. Os figurinos de Elisabeth Baker tomaram uma especial dimensão nesta coreografia, criando um figurino ao mesmo tempo andrógino e futurista com um traço barroco muito especial. É bem patente o diálogo que o cenário tem quer com os bailarinos, quer com o cravo de Scarlatti.
Shot Flow foi um dos grandes momentos da noite. Henri Oguike conseguiu dançar com a luz de cena. O desenho de luz, a par da música de Pedro Carneiro, foram os intérpretes desta belíssima coreografia. O par de bailarinos, composto pelo próprio coreógrafo e por Charlotte Eatock dançava com a luz de Guy Hoare, gerando uma cumplicidade rara. A música, intimista, criava por si só uma atmosfera especial que se intensificava com o desenho de luz. Os corpos formavam o apontamento final, contribuindo com a dimensão humana para a carga orgânica que toda a coreografia já em si continha. Um momento prodigioso.
A última coreografia, Finale, foi a ideal para despertar no espectador sensações de bem-estar. A música de René Aubry convidava a uma alegre celebração e esse convite foi aceite pelo elenco da Henri Oguike Dance Company. Os corpos, possuídos de um entusiasmo muito próprio, transmitiam alegria e vontade de viver. A harmonia dos bailarinos que dançavam aquela música conciliadora e anímica, expressa pela coreografia e acompanhada pelos diferentes matizes desenhados pela luz foram a perfeita união de artes para um final perfeito. O preencher daquele espaço na nossa consciência que corresponde à pulsão de vida: a criação da vontade de viver.
A segunda coreografia, White Space, assenta em excertos de obras para cravo de Domenico Scarlatti. A cenografia é composta por um quadro evocativo de Mondrian, que se distende ou comprime consoante os andamentos. Formando uma terceira dimensão, os bailarinos evoluem numa coreografia equilibrada e divertida, lembrando mais uma vez que também o cravo pode ser dançado através de uma linguagem muito contemporânea. Os figurinos de Elisabeth Baker tomaram uma especial dimensão nesta coreografia, criando um figurino ao mesmo tempo andrógino e futurista com um traço barroco muito especial. É bem patente o diálogo que o cenário tem quer com os bailarinos, quer com o cravo de Scarlatti.
Shot Flow foi um dos grandes momentos da noite. Henri Oguike conseguiu dançar com a luz de cena. O desenho de luz, a par da música de Pedro Carneiro, foram os intérpretes desta belíssima coreografia. O par de bailarinos, composto pelo próprio coreógrafo e por Charlotte Eatock dançava com a luz de Guy Hoare, gerando uma cumplicidade rara. A música, intimista, criava por si só uma atmosfera especial que se intensificava com o desenho de luz. Os corpos formavam o apontamento final, contribuindo com a dimensão humana para a carga orgânica que toda a coreografia já em si continha. Um momento prodigioso.
A última coreografia, Finale, foi a ideal para despertar no espectador sensações de bem-estar. A música de René Aubry convidava a uma alegre celebração e esse convite foi aceite pelo elenco da Henri Oguike Dance Company. Os corpos, possuídos de um entusiasmo muito próprio, transmitiam alegria e vontade de viver. A harmonia dos bailarinos que dançavam aquela música conciliadora e anímica, expressa pela coreografia e acompanhada pelos diferentes matizes desenhados pela luz foram a perfeita união de artes para um final perfeito. O preencher daquele espaço na nossa consciência que corresponde à pulsão de vida: a criação da vontade de viver.
No comments:
Post a Comment