Friday, November 26, 2010
Novos actores
Em tempos de crise é sabido que as expressões artísticas se tornam amiúde motores de vontades e pólos de desenvolvimento de regiões mais desfavorecidas. A Escola Secundária Pinheiro e Rosa apostou num curso profissional, que terá a sua continuidade no triénio 2011/2015, no qual os alunos têm acesso a ferramentas que lhes permitem contribuir para o desenvolvimento cultural da sua região. Este ano a escola Pinheiro e Rosa, de Faro, formou os primeiros jovens com capacidade para mudarem a face cultural da terra de onde são originários, uma vez que esta escola da capital algarvia recebeu alunos de vários concelhos da região, desde Vila Real de Santo António a Loulé, passando por Olhão e Loulé.
Se o Algarve está carenciado de Companhias de Teatro com programação regular, que possam apresentar o seu trabalho em todos os concelhos, é necessário também que os equipamentos culturais se comecem a abrir a novas estruturas que surjam e que venham colmatar o hiato existente entre a necessidade que as populações sentem de ver novas propostas e o aparecimento de novos actores capazes de responder aos desafios mais audazes.
Durante o curso estes 14 jovens ultrapassaram vários obstáculos, desde a distância que tinham de percorrer de sua casa até à escola, até a exigência que lhes foi feita pelo carácter complexo das disciplinas teóricas. Passaram por provas públicas avaliadas por júris especialistas nas matérias, aprenderam a ouvir as críticas e a pensar sobre um espectáculo. Voz, Movimento, Interpretação, foram as disciplinas técnicas do curso que lhes permitiu apresentarem-se perante um júri composto por elementos exteriores à escola, impressionando-os com a qualidade dos trabalhos expostos.
Estes jovens criaram projectos prontos a ser desenvolvidos em qualquer autarquia da região que foram acreditados por entidades independentes, externas à escola. É justo que a região comece a acreditar no potencial criativo dos seus jovens e na possibilidade da cultura, e da expressão dramática em particular, poder ser geradora de postos de trabalho e de riqueza.
Os jovens actores integraram, ao longo de 420 horas, estruturas ligadas à cultura, profissionais e não profissionais, que os acolheram com a generosidade que lhes é própria. A Companhia de Teatro do Algarve, ACTA, integrou 6 destes jovens num espectáculo, A Cova dos Ladrões, que circulou por quase todas as salas de espectáculo da região, e um outro jovem para o VATE, a subestrutura que ganhou merecidamente o prémio Gulbenkian para a educação. A companhia de teatro Al-Masrah acolheu duas jovens que, mesmo após a conclusão oficial do seu estágio profissional, apresentaram um espectáculo em Tavira, Min-Mal-Show, e irão entrar em itinerância no mês de Agosto, a partir de dia 19 no Convento do Carmo, em Tavira. O grupo de teatro Te-Atrito acolheu dois estagiários, que desenvolveram um intenso trabalho de acompanhamento de grupo de teatro em Faro, Quarteira e Alte, culminado o seu trabalho com a apresentação de uma versão do texto Chama Devoradora, de John Steinbeck. Por fim, a Associação Cultural Música XXI acolheu três estagiários que ao longo de seis meses desenvolveram quatro produções, dentre as quais o espectáculo Maria Adelaide, apresentando-as em várias cidades e vilas da região como Alcoutim, Vila Real de Santo António, Albufeira, Faro e Lisboa, tendo já agendado espectáculos para Setembro.
Estes catorze jovens têm o saber, têm a experiência. Agora só lhes falta terem os órgãos decisores da sua região a acreditar no seu talento.
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