Friday, November 26, 2010

Geometria para uma música


Os olhanenses foram brindados com uma noite especial. Dia 12 de Junho o místico chalé que o poeta João Lúcio mandou construir em Marim abriu as suas portas para uma partilha entre várias artes. Numa das alas da geométrica casa de Marim Paula Cardoso Rocha interpretou alguns temas musicais da sua autoria, que tocou ao vivo, acompanhada pelo contrabaixista Zé Eduardo. Outra ala da casa foi ocupada pela pintura de Graça Moniz, bisneta de João Lúcio. No centro da casa, onde emerge uma cúpula em forma de pirâmide de vidro, ecoou a voz da poesia interpretada por António José da Silva e, um pouco por todo o lado, dentro e fora da casa, duas dançarinas enrolavam e desenrolavam um fio de Ariadne, convidando o público a resolver o labirinto deste palacete que, desde sempre, foi dedicado às artes.
Toda esta movimentação ficou registada e dará origem a um documentário, realizado por Ricardo Resende e a um cd que irá ser produzido pela Associação Grémio das Músicas.
O público acorreu ao chamamento e encheu por completo esta mansão que sempre causou curiosidade nos habitantes de Olhão. Foram recebidos pela voz de António José da Silva que, do alto da varanda, disse poemas de Raul Brandão, Miguel Torga e João Lúcio. As bailarinas saíram pelas janelas, iluminadas pela centelha da inspiração, simbolizada na vela que acenderam no início do espectáculo e convidaram o público a visitar esta ancestral morada das artes. Depois do recital de piano e contrabaixo o público pôde usufruir de uma cálida e tranquila noite estival, apreciando a arquitectura e o prazer de uma boa conversa em torno das artes. Há noites assim: que se deixam visitar por um núcleo de criadores e artistas de excelência que se vão revelando no Algarve.

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